O fluido de câmbio, também chamado de fluido de transmissão, é o lubrificante utilizado nas caixas manuais ou automáticas. Eles ajudam o carro a operar o sistema que leva a energia do motor às rodas. Não é tão comum que os motoristas recebam instruções sobre eles, portanto, anote estas dicas para acompanhar a saúde do seu carro e saber como proceder nas manutenções periódicas.

“Esses fluidos têm diversas funções e são desenvolvidos para atender às características específicas de cada tipo de transmissão”, explica Leandro Benvenutti, gerente regional de Mercado para Especialidades e Conexão com a Indústria Automobilística da Infineum.

Fluidos de câmbio automático devem ser trocados?

Sim. É o que afirma Edson Fonseca, Gerente de Produtos Driveline América Latina da Lubrizol. Segundo ele, para que todas as funções de uma transmissão automática ocorram adequadamente, é necessária a troca do fluido. Eles “precisam ser periodicamente checados e trocados, conforme a recomendação do fabricante do veículo, considerando sempre o regime de utilização”, destaca.

Fonseca alerta que os automóveis submetidos a uma rotina de trânsito intenso sofrem impacto direto no fluido, pois “o automóvel parado, porém ligado, acaba por degradar o lubrificante prematuramente, sem que se tenha rodado a quilometragem recomendada para a troca”.

Mas a regra não é igual para todos, portanto, olho no manual

No caso do fluido de transmissão, veja como cada montadora tem orientações diferentes. Pegamos como exemplo o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix Plus, dois dos carros mais vendidos no Brasil, em 2020.

Para o HB20, o fabricante orienta o uso de fluidos diferentes para os modelos com transmissão manual (Óleo Genuíno Hyundai SAE 70W, API GL-4, HK SYN MTF 70W, ou o Spirax S6 GHME 70W MTF) e automática (Óleo Genuíno Hyundai ATF SP-IV). Na transmissão manual, a recomendação é de inspeção a cada 60 mil km rodados ou 48 meses de uso. No caso da transmissão automática, não é necessário fazer inspeção.

Já para o carro da Chevrolet, o fabricante diz que é a manutenção deve ocorrer a cada 80 mil km, caso opere em condições severas, com óleos Óleo Dexron VI – ACDelco. E a inspeção do fluido deve ser feita apenas se houver vazamento. E se o carro tiver transmissão manual, a checagem de nível deve ocorrer em todas as inspeções do veículo, com recomendação do óleo sintético para transmissão SAE 75W-85, engrenagem helicoidal, cor vermelha – ACDelco. Mas não há recomendação de troca. Completar o nível apenas se for necessário.

“Assim como há no mercado várias montadoras de veículos, há também vários fabricantes de transmissões automáticas. Cada fabricante por sua vez, tem fluidos com características físico-químicas e também de performance desenvolvidas especificamente para atender ao nível de exigência que sofrerão em campo”, explica o representante da Lubrizol.


“Fill for life” ou fluidos para toda a vida

Benvenutti explica que os fluidos de transmissão podem possuir intervalos de troca bastante longos. Em alguns casos (normalmente em transmissões manuais), são conhecidos como “fill for life” ou, traduzindo do inglês: cheios para toda a vida. No entanto, é preciso lembrar que as recomendações feitas para o período de vida médio de um veículo (como dez anos ou 240.000 km) são baseadas em situações normais de uso. Para condições severas, a troca tem que ser feita em intervalos menores, mesmo para fluidos de longa duração.

“Portanto, a recomendação ‘fill for life’ é, em grande parte das vezes, um mito, já que, vencido esse prazo médio estipulado para a vida do veículo, mesmo nos casos de uso normal, é necessário a troca do fluido”, descreve.

Caixa manual precisa trocar o óleo?

“As caixas de mudanças manuais, bem cuidadas, são o componente de maior durabilidade em um veículo, pois são projetadas para durar cerca de um milhão de quilômetros e há casos que superaram esta marca”, explica Marco Almeida, consultor em tecnologia e serviços técnicos de lubrificantes e lubrificação do Óleo Certo.

Segundo ele, os automóveis fabricados com transmissão manual nos últimos 20 anos não necessitam de troca de óleo. O lubrificante desses carros (semissintético ou sintético) foi desenvolvido para uso em toda a vida útil do veículo. Ele também acha que chamar de “fill for life” (para toda a vida) é exagerado, pois às vezes é necessário completar o nível das caixas, quando há troca da embreagem e/ou substituição das juntas homocinéticas de transmissão. “Assim, não existe este conceito de óleo vencido, apenas para quem tem carros muito antigos de coleção, com mais de 25 anos quando tinha período de troca”, diz o especialista.

O nível do óleo só ficaria baixo nos casos de vazamentos pelos retentores das juntas de transmissão, ou possível trinca da caixa de transmissão por impacto (valeta, quebra molas altos e subir e descer de meios fios), descreve Almeida.

“Neste caso, você irá sentir um estalo metálico a cada troca de marchas, além de ouvir um maior ruído das engrenagens em movimento, pois estará ocorrendo o contato metálico direto entre os dentes de engrenagens, em função do nível insuficiente de óleo lubrificante”, alerta.

No caso veículos comerciais (pick-ups, vans, ônibus e caminhões), há recomendação de troca de óleo por quilometragem percorrida ou tipo de serviço.

Os óleos de transmissão automática devem ser trocados juntos com o óleo do motor?

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