Em 2022, a Lwart Soluções Ambientais atuou na coleta e rerrefino de mais de 227 milhões de litros de Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (OLUC). A empresa foi responsável por recolher cerca de 35% de todo o OLUC gerado no país, sendo posteriormente utilizado como matéria prima para a produção de todo óleo básico grupo II no Brasil. Isso inclui cerca de 145 mil metros cúbicos, além de 22 mil metros cúbicos de grupo I.

Para entender melhor sobre o assunto, o Óleo Certo conversou com Aylla Kipper, gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart, que destaca o importante papel da logística reversa de OLUC no setor de lubrificantes. Confira a seguir:

Aylla Kipper, gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart

Óleo Certo: De que forma a indústria de lubrificantes atende os critérios de sustentabilidade? Quais são as práticas que as empresas adotam? 

AyllaKipper: A logística reversa do óleo lubrificante usado e contaminado (OLUC) é uma das principais contribuições da indústria de lubrificantes com a sustentabilidade, pois retira do meio ambiente um resíduo perigoso pós-consumo com potencial de contaminar solo, águas superficiais e subterrâneas e o ar.

Ao garantir a logística reversa do OLUC, a indústria de lubrificantes também permite que este resíduo retorne à cadeia, após reciclado, como óleo básico para então ser aditivado e se tornar lubrificante novamente, fechando dessa forma o ciclo da economia circular deste produto.

Óleo Certo: A Lwart Soluções Ambientais atua há quase 50 anos na coleta e transformação do óleo lubrificante usado e contaminado. Como funciona na prática o trabalho da empresa?

Aylla Kipper: A Lwart Soluções Ambientais é a líder nacional no segmento de coleta e rerrefino de Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (OLUC) e a única produtora na América Latina de Óleos Básicos de Alta Performance (Grupo II).  Nosso trabalho consiste em coletar e transformar milhões de litros de OLUC com potencial altamente poluente, devolvendo para o mercado como um produto de alta performance.

Em 2022, foram mais de 227 milhões de litros de OLUC rerrefinados e mais de 167 milhões de litros de óleo básico produzidos. Com isso, evitamos o lançamento na atmosfera de 657 mil toneladas de CO2, o que teria acontecido se o óleo fosse ilegalmente queimado.

Além de extrair o óleo básico mineral, o conjunto de tecnologias utilizado em nossa planta permite o tratamento da água presente no resíduo e a transformação das demais frações leves em subprodutos para aquecimento da própria planta. Isso reduz o consumo de combustíveis fosseis e também o composto asfáltico, matéria-prima para produção de mantas asfálticas utilizadas na impermeabilização de construções civis. Outro grande diferencial é a não geração de resíduos. Enquanto o processo ácido-argila gera 180 mil toneladas por ano, nossa operação não gera resíduos durante o processo regular, e na manutenção anual, gera 100 toneladas.

Óleo Certo: Como funciona o processo de logística reversa e qual a importância dessa prática?

Aylla Kipper: Segundo o Sistema Nacional de informações sobre a gestão de resíduos (SINIR), a logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos pós-consumo ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Falando especificamente do nosso setor, o óleo lubrificante usado ou contaminado representa um resíduo perigoso à saúde. Um único litro de óleo lubrificante usado, por exemplo, é capaz de contaminar um milhão de litros de água. O trabalho de coleta e o rerrefino desse óleo evita a contaminação de recursos naturais e também a extração de recursos fósseis, pois um litro de óleo rerrefinado evita a extração de 3,7 litros de óleo básico a partir do refino do petróleo, contribuindo diretamente com a sustentabilidade.

Óleo Certo: De que forma acontecem os processos de reciclagem e reaproveitamento no mercado de lubrificantes?

Aylla Kipper: O primeiro passo é a coleta do óleo lubrificante usado, realizada de acordo com altos padrões de segurança e as melhores práticas. Uma vez em nossa planta, o óleo passa pelo processo de rerrefino para voltar a ser óleo básico, matéria-prima para produção de lubrificantes. Esse óleo segue para os produtores de lubrificantes, que são responsáveis por aditivar e transformar novamente em lubrificante. Por fim, o óleo retorna ao mercado em forma de produtos automotivos, industriais, agrícolas e elétricos.

Óleo Certo: E falando em sustentabilidade, quais as vantagens da venda de lubrificantes a granel?

Aylla Kipper: Com a troca de óleo realizada a granel, o veículo recebe a medida exata de óleo determinada pela montadora, evitando o desperdício de óleo restante na embalagem, além de não depender de embalagens plásticas de litro. Por exemplo, no caso de um automóvel que necessita de 5,5 litros de lubrificantes, o consumidor não precisa adquirir uma embalagem com 6 litros. Dessa forma, é gerado menos resíduo pós-consumo e temos um menor impacto ao meio ambiente e, consequente, benefício ao cliente.

Óleo Certo: Como você avalia o mercado de lubrificantes hoje? Quais as tendências e preocupações do setor?

Aylla Kipper: O mercado brasileiro de lubrificantes fechou o 1º trimestre de 2023 com um volume de 364.847 m3, representando uma alta de 3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O setor vem continuamente investindo na pauta ESG e o processo de rerrefino do óleo lubrificante se insere nesse contexto como uma tendência do mercado mundial, que visa à redução de emissões e à obtenção de insumos ambientalmente corretos.

Vale ainda destacar que o rerrefino é responsável por evitar parte da importação desse óleo mineral, garantindo anualmente uma economia de divisas ao Brasil na ordem de US$ 300 milhões, fortalecendo a indústria de transformação brasileira, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Óleo Certo: Podemos dizer que apolítica de sustentabilidade da indústria brasileira de lubrificantes vem servindo de inspiração para outras partes do mundo?

Aylla Kipper: Sim, a logística reversa do óleo lubrificante é um caso de sucesso e posso afirmar que é pioneira no conceito de economia circular no país.

O Brasil, de acordo com a consultoria norte-americana Kline, é o país que mais destina o óleo lubrificante usado para o rerrefino no mundo, o que possui grande significado ao lembrarmos que nosso país também possui a 6ª maior frota automotiva do mundo, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Óleo Certo: Por último, quais dicas você daria para o consumidor fazer o descarte correto do lubrificante?

Aylla Kipper: O consumidor é um importante ator na cadeia do óleo lubrificante – que conta com produtor, distribuidor, oficinas mecânicas, postos de gasolina e centros de troca de óleo (chamados de revendedores), e até o coletor e o rerrefinador. Assim, ele pode verificar se o óleo lubrificante usado é separado em local apropriado após ser retirado do seu automóvel e questionar a destinação desse resíduo.

Também vale checar se a oficina, posto ou centro de troca de óleo frequentado possui o Certificado de Coletas de Óleo (CCO), que atesta que o OLUC gerado no estabelecimento foi destinado à empresa coletora autorizada pela ANP.

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