Óleos lubrificantes não são todos iguais. Certo? Sim, exatamente!  Sendo assim, esses produtos, de extrema importância para o correto funcionamento do motor dos veículos, merecem toda a atenção de consumidores, condutores e proprietários no momento da sua compra ou da troca. Óleos são diferentes para cada tipo de veículo e, por isso, não se deve usar o mesmo lubrificante em veículos distintos, como carros de passeio, motocicletas, caminhões e ônibus. Isso porque a tecnologia embarcada em cada óleo destinado para esses tipos de veículos contém óleos básicos e aditivos específicos para o correto funcionamento desses motores. Nesta matéria do Óleo Certo, vamos ver por que, afinal de contas, os óleos não são todos iguais, mesmo que para as mesmas aplicações e uso.

Simone Hashizume, diretora da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), observa que veículos automotores como carros, motocicletas, caminhões e ônibus têm suas necessidades, que variam com o tipo de motor, uso, combustível e padrões internacionais, “e os lubrificantes devem atender especificamente a cada um deles.”

Ao comparar o funcionamento de carros e de motocicletas, a gerente de Marketing da Mobil, Roberta Maia, diz que esses veículos têm muito pouco em comum. “Os motores de motos operam em rotações e temperaturas mais altas do que os motores de carros. Por isso precisam de óleos lubrificantes específicos”, assinala.

A executiva da Mobil ressalta que o lubrificante para motocicletas tem a função de lubrificar não apenas o motor, mas também outras partes desse veículo, como embreagem e engrenagens. Daí a necessidade do uso de um óleo exclusivo. “Os óleos para motores de motocicletas quatro tempos protegem o motor e a transmissão e forneçam à embreagem a propriedade antideslizamento”, complementa Simone Hashizume.

A diretora da AEA reforça que o motor desse tipo de veículo é menor e trabalha em regime “muito mais severo” do que o motor de um carro. Essa condição faz com que as motocicletas necessitem de “lubrificante com maior resistência à oxidação”, diz.

Nas motocicletas, Roberta Maia explica que a transmissão está frequentemente ligada ao motor, sendo, portanto, necessário que o óleo o lubrificante tenha níveis de aditivação compatíveis para oferecer uma alta resistência e produzir níveis de proteção e de fricção adequados, “sempre buscando o melhor desempenho” do veículo. Para Simone Hashizume, as “características especiais” dos óleos lubrificantes para motocicletas impedem, por exemplo, o desgaste prematuro do trem de válvulas e evitam a formação de pitting (corrosão) nas engrenagens.

Para a executiva da Mobil, a utilização de um lubrificante de carros em motocicletas pode trazer inúmeros problemas, inclusive a perda total do motor. “Por isso, nunca se deve utilizar um produto de carro em motos, mesmo que a viscosidade seja a mesma”, frisa.

Lubrificantes para motores a diesel: proteção em condições severas

No caso dos caminhões e dos ônibus, é importante lembrar que o mercado de lubrificantes para motores diesel representa cerca de 25% do mercado total do Brasil. “Atualmente, mais de 90% de todo o lubrificante para motores diesel está concentrando nos APIs de entrada CH-4 e CI-4”, informa Roberta Maia.

Para enfrentar e atenuar os desgastes causados pelas condições severas as quais esses veículos são submetidos diariamente nas estradas e nas vias urbanas (como rodovias em estado precário de manutenção, excesso de peso, “anda e para” e utilização constante de marchas lentas), os óleos lubrificantes para esses motores precisam garantir uma rápida lubrificação a todas as partes do motor, mantendo uma película protetora por mais tempo.

Segundo a diretora da AEA, o motor Ciclo Diesel trabalha com taxas de compressão mais altas quando comparado com motores do Ciclo Otto: apresentam torque mais alto em mais baixas rotações; injeção de combustível direta nos cilindros e com altíssimas pressões; combustível com maior densidade; e biodiesel como um dos componentes da combustão do motor.

“Só o exposto já nos faz entender por que o óleo lubrificante do Ciclo Diesel é diferente dos óleos lubrificantes do Ciclo Otto. Além disso, o pacote de aditivos dos lubrificantes é diferente para cada um desses motores”, salienta.

Para Roberta Maia, apesar do lubrificante representar no máximo 3% dos custos de manutenção de um caminhão, o produto tem papel fundamental para garantir maior vida útil do veículo. De acordo com a executiva da Mobil, o uso do lubrificante adequado pode contribuir para a redução no consumo de combustível, “um dos principais custos do caminhoneiro”, ressalta.

Dicas das especialistas:

“Outro tema importante para destacar é a utilização da viscosidade indicada pela montadora. A não utilização do produto adequado pode comprometer o bom funcionamento do motor, causando superaquecimento, maior desgaste das peças internas resultando em danos em outras partes do veículo.” (Roberta Maia, gerente de Marketing da Mobil)
“Deve-se seguir a recomendação de cada fabricante do veículo, pois é quem tem todas as informações de que tipo de óleo o seu motor necessita. O uso do óleo incorreto pode causar perda de rendimento do motor, redução da vida útil e menor proteção, por exemplo.” (Simone Hashizume, diretora da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, AEA).