Os óleos lubrificantes têm um papel fundamental para a boa manutenção de qualquer veículo. São eles que protegem o motor contra desgastes e corrosões e, por isso, manter a troca em dia ajuda a evitar dor de cabeça. Mas ao fazer isso, saiba que há questões importantes e que merecem muita atenção: a falsificação de lubrificantes e a venda de produtos fora das especificações adequadas.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022, a apreensão de lubrificantes com irregularidades foi de aproximadamente 570 mil litros em todo o país.

Este ano, as ações da agência resultaram em apreensões em diversos estados do país, com destaque para uma operação realizada em março, no Ceará, em parceria com o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) do estado, que apreendeu quase 11 mil litros do produto sem registro; e para a Operação Quali-Quanti, em Goiás, que reteve 5.460 litros por falta de registro.

Óleos fora da especificação danificam o motor

Rodrigo Pfaffenzeller, analista de desenvolvimento de produtos sênior da Vibra, explica que os óleos lubrificantes adulterados representam um perigo significativo para o desempenho do veículo, “e podem comprometer a vida útil do motor, bem como de outros componentes vitais”.

A lubrificação insuficiente leva ao desgaste prematuro das partes móveis (casquilhos, anéis do pistão, comando de válvulas. E com relação à eficiência de um lubrificante de má qualidade, Pfaffenzeller destaca três pontos importantes: lubrificação insuficiente, contaminação e proteção inadequada contra corrosão.

Segundo ele, os óleos falsificados podem ter “características físico-químicas inadequadas”, o que provoca uma lubrificação ineficiente dos componentes do motor. As consequências são problemas como aumento do atrito e desgaste prematuro de peças críticas.

Pfaffenzeller também destaca que as substâncias presentes nos óleos falsificados “podem se acumular nos componentes do motor, causando danos e reduzindo a eficiência das trocas de calor internas e do sistema de lubrificação”. Uma das consequências pode ser a obstrução dos canais por onde passam os lubrificantes, causando “falhas catastróficas no motor”.

Marco Almeida, consultor do Óleo Certo, explica uma parte desses danos. “A falha de lubrificação ocorre também quando há viscosidade incorreta e aditivação ineficiente, ou inexistente. São fatores que prejudicam diretamente o comando de válvulas”, afirma.

Sinais de adulteração

Compartilhando da mesma preocupação, José Cesário Neto, coordenador de capacitação e suporte técnico da Moove, ressalta que o uso de produtos que não atendem às normas e às exigências dos fabricantes de automóveis “resulta na ocorrência de desgaste anormal, acúmulo de depósitos e borra, perda de rendimento e comprometimento da durabilidade das peças do motor e transmissão dos veículos”.

Neto aponta que alguns sinais podem indicar que houve consumo de produto de má qualidade ou adulterado: “formação e acúmulo de borras, desgaste anormal das peças, aumento no consumo de combustível, danos no catalisador e emissão de gases poluentes”, descreve.

Impactos no veículo ao se utilizar lubrificante falsificado, ou fora de especificação

  • Desgaste acelerado e excessivo do motor, levando à quebra
  • Falhas prematuras em componentes internos do motor, com custos elevados de reparo
  • Aumento no consumo de combustível e diminuição do desempenho
  • Danos aos outros componentes vitais do veículo, como a transmissão e sistema de direção, entre outros
  • Elevação da temperatura de trabalho do motor
  • Formação e acúmulo de borras
  • Danos no catalisador e emissão de gases poluentes

 Fonte: Rodrigo Pfaffenzeller, analista de desenvolvimento de produtos sênior da Vibra

 

O especialista da Moove destaca que os óleos lubrificantes seguem normas de diversas organizações internacionais, que “definem as especificações para assegurar aos consumidores a qualidade e o nível de desempenho dos óleos lubrificantes”.

Ele menciona como algumas dessas entidades a Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos (SAE), o Instituto Americano do Petróleo (API), o Comitê Internacional de Padronização e Aprovação de Lubrificantes (ILSAC) e a Associação dos Construtores Europeus Automotivos (ACEA). São siglas que os consumidores podem observar nas diferentes embalagens disponíveis no mercado.

“É importante ressaltar que é necessário validação do manual do veículo para seguir as normas das OEMs [Fabricantes de Equipamentos Originais]”, completa o representante da Moove.

Atenção ao momento da compra

“Compre de fontes confiáveis. Adquira óleos lubrificantes automotivos somente de revendedores autorizados ou de postos de serviço conhecidos. Desconfie de preços absurdamente baixos, pois podem indicar produtos falsificados”, recomenda Pfaffenzeller.

Ele orienta que, em caso de dúvidas, se procure o fabricante. “Com algumas fotos, é possível identificar possíveis casos de falsificação, no entanto, uma análise físico-química pode ser requerida para atestar a autenticidade do produto”, explica.

Dicas para o momento da compra do óleo lubrificante

  • A tampa plástica deve estar intacta e sem sinais de violação
  • Verifique a presença de selos de qualidade, códigos QR
  • Desconfie de preços muito baixos
  • Peça a nota fiscal
  • Pesquise sobre a marca que está comprando
  • Evite compras de procedência duvidosa

 

Os cinco sinais de alerta mais comuns relacionados ao lubrificante do motor

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