O processo de lubrificação de um motor consiste basicamente na inserção de uma substância com níveis de fluidez e viscosidade adequados (no caso, óleos lubrificantes de origem mineral, sintética ou semissintética), capazes de percorrer as partes móveis da máquina com o objetivo de reduzir o atrito e o desgaste entre as peças do conjunto.
A lubrificação é realizada por meio da interposição de uma camada do óleo entre as partes de contato das peças, chamada de película ou filme lubrificante. A espessura dessa película é formada de acordo com a viscosidade do produto que está sendo usado no motor. Mas o que é essa tal de viscosidade?
O termo “viscosidade” pode ser entendido como a resistência ao escoamento de um líquido: quanto mais viscoso (grosso), mais difícil de escorrer; quanto menos viscoso (fino), mais fácil de escoar. Para um efeito prático, basta examinar as velocidades de escoamento de um copo com água e outro com mel, ambos em estado de repouso e na mesma temperatura.
O consultor Luiz Feijó Lemos diz que o grau de viscosidade de um óleo para ser usado em determinado veículo é estabelecido por cada fabricante do carro. Segundo ele, a montadora indica o uso de um tipo de óleo lubrificante que seja adequado às características de um determinado tipo de motor, como a sua temperatura durante a utilização do óleo, o trabalho de lubrificação requerido e as folgas e canais de lubrificação.
O consultor salienta que o proprietário deve adquirir um óleo lubrificante que contenha a “correta viscosidade” para que a sua utilização seja eficaz em todas as condições do motor, tanto na partida, a frio, quanto durante o tempo em que estiver ligado, sob altas temperaturas.
Em geral, lubrificantes mais viscosos apresentam menor fluidez; já os menos viscosos são mais fluidos. Mas essas duas características – viscosidade e fluidez – são insuficientes para a correta lubrificação do motor, ressalta Feijó. “São necessários os aditivos, que contêm funções detergente, dispersante, antidesgaste, anticorrosivo, entre outras”.
As condições de temperatura as quais o óleo lubrificante é submetido também são fatores que influenciam no desempenho do produto: quanto maior a temperatura, menos viscoso fica o líquido; quanto menor, mais viscoso. Ou seja: a viscosidade de um lubrificante varia em função da temperatura. “A temperatura de operação é um fator importantíssimo para a formulação final de um lubrificante. Dela depende o grau de viscosidade a ser recomendado e o nível de aditivação”, diz Feijó.
O consultor destaca ainda que “o grau de viscosidade requerido por cada motor é estabelecido no projeto para cobrir as adequadas condições de operação de todas partes do sistema de lubrificação, como bombas, filtros, etc.” Nesse sentido, o bom funcionamento do motor decorre da harmonia entre as suas peças e a lubrificação. “Todas as partes são projetadas para trabalhar em sincronia, atendendo a um nível ideal de lubrificação baseado nas condições de operação do motor”, ressalta.
Classificação dos óleos lubrificantes: o “W’” da questão
Todas as embalagens de óleos lubrificantes comercializados no Brasil vêm com uma identificação que classifica o produto de acordo com regras estabelecidas pela SAE, sigla em inglês para Sociedade dos Engenheiros Automotivos. Essa instituição, dos Estados Unidos, é a responsável pela classificação dos óleos lubrificantes, de acordo com a sua viscosidade.
A identificação é definida pela SAE em duas categorias: monoviscosos e multiviscosos.
Óleos lubrificantes monoviscosos apresentam uma viscosidade alta em baixas temperaturas. Por exemplo, no momento da partida, quando o motor está frio, demoram mais tempo para chegar e lubrificar as partes mais altas do motor. À medida que o veículo se movimenta e aquece todo o conjunto, os óleos monoviscosos vão perdendo viscosidade, ficando mais finos, podendo apresentar viscosidade mais baixa que os multiviscosos quando a temperatura do motor atinge seu nível máximo. Esses óleos são subdivididos em óleos de verão e óleos de inverno.
Óleos lubrificantes multiviscosos são aqueles cuja viscosidade varia de “modo inteligente”, isto é, na partida apresenta uma viscosidade capaz de chegar às partes altas do motor rapidamente e, durante o uso, vai mantendo a viscosidade ideal para lubrificar o motor. Atualmente, quase todos os veículos são projetados para funcionar com óleos lubrificantes multiviscosos.
Essas duas categorias são codificadas por sequências distintas de letras e números: quanto menor o número, mais fluido o óleo; quanto maior, mais viscoso é o lubrificante. Veja:
Perceba que as duas numerações são separadas pelo “W” e identificam a capacidade multiviscosa do óleo: o número à esquerda se refere à viscosidade do lubrificante a baixas temperaturas: quanto menor, mais fluido; o da direita, à escala de viscosidade em temperaturas altas: quanto maior, mais viscoso. “Mas atenção: além de observar o grau de viscosidade, deve-se observar também o nível de desempenho”, adverte Feijó.
Como agem no motor?
Quanto mais alta é a escala numérica da viscosidade do óleo lubrificante, mais lenta é a sua circulação no motor. Por isso que a utilização de óleos com maior grau de viscosidade é recomendada para motores com capacidades mais robustas para realizar adequadamente o bombeamento do óleo. Já os lubrificantes com menor viscosidade fluem mais facilmente por entre as peças, cumprindo mais rapidamente o trabalho de lubrificação.
Mas o consultor observa que nem sempre o desempenho fluido de óleos lubrificantes menos viscosos reduz a probabilidade de desgaste desigual das peças, o que tenderia a diminuir as “visitas” dos veículos às oficinas para a realização de manutenções. “Motores modernos trabalham sob temperaturas mais altas do que os mais antigos. São mais compactos e utilizam menor quantidade de lubrificante, que por essa razão fica submetido a maior estresse.”
Nesse sentido, a chave para se conhecer o correto grau de viscosidade do óleo que o seu carro necessita e, ao mesmo tempo, alcançar o ponto de equilíbrio para a obtenção da resposta adequada da sua máquina é, sem dúvida, o manual do veículo fornecido pelo fabricante.
Fique sempre atento a essas recomendações. São as informações contidas no manual que garantem a durabilidade do motor, a manutenção da qualidade do seu veículo, a segurança de condutores e passageiros e a melhor experiência ao dirigir.