O sistema de transmissão de um veículo é o conjunto de componentes responsáveis por transferir a energia gerada pelo motor para as rodas, permitindo seu movimento e controle de velocidade. Ele ajusta a força (torque) e a rotação do motor para atender às condições de direção, como arrancadas, subidas ou altas velocidades.

Os principais elementos desse sistema incluem a embreagem (ou conversor de torque em veículos automáticos), a caixa de marchas (manual ou automática), caixa de transferência (em veículos 4×4), o eixo cardã (em veículos com tração traseira ou integral), o diferencial e os semieixos. Cada componente desempenha um papel crucial na otimização do desempenho e na eficiência energética do veículo.

A transmissão CVT (do inglês Continuously Variable Transmission ou Transmissão Continuamente Variável) é um tipo de sistema que usa um mecanismo de variação contínua de marchas em vez de engrenagens fixas, como nos sistemas manuais ou automáticos convencionais. A sensação de ausência de trocas de marcha é uma característica marcante dessa tecnologia, comum em carros híbridos e compactos.

“A transmissão CVT é uma tecnologia muito presente nos carros asiáticos. Hoje, as grandes marcas asiáticas já têm, em praticamente 100% do seu portfólio, veículos com transmissão automática saindo de fábrica, então, a quantidade de veículos equipados com transmissão CVT se torna cada vez maior. Por isso, é importante que as pessoas se atentem a realizar a troca do fluido para evitar um prejuízo”, afirma Fernanda Ribeiro da Silva, gerente de produtos da ICONIC.

“A gente acaba não associando o sistema à troca do fluido, principalmente quem nunca teve um carro de transmissão automática, sempre teve um carro de transmissão manual, que não realizava a troca”, completa.

Confira a entrevista completa concedida pela especialista ao site do Óleo Certo:

Óleo Certo: O que é uma transmissão CVT e quais as principais diferenças entre essa tecnologia e os sistemas de transmissão automática convencionais?
Fernanda Ribeiro da Silva: A CVT é uma transmissão continuamente variável, tem duas polias que vão aumentando ou diminuindo de tamanho e são ligadas por uma correia, ou corrente. Pode ser uma correia polimérica ou uma corrente de metal. Chamamos de transmissão continuamente variável porque ali, praticamente, não tem mudança de marcha. Você vai fazendo a variação da transmissão, conforme a variação da velocidade e, por conta disso, ela acaba sendo uma transmissão com maior conforto na hora de dirigir.

Também é uma transmissão com maior economia de combustível, quando a comparamos com as transmissões automáticas sequenciais normais [que são aquelas que têm primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta marchas…]. Existem transmissões de até 12 marchas, então, quando tem mudança de uma marcha para outra, você sente bastante a mudança de velocidade, muitas vezes sente um tranco. E com a transmissão CVT, geralmente, isso não acontece.

Óleo Certo: Por que é importante usar lubrificantes específicos para esse tipo de transmissão?
Fernanda Ribeiro da Silva: Diferente das demais transmissões, principalmente das automáticas sequenciais, essa é uma transmissão que acaba exigindo bastante do óleo lubrificante, porque tem muito contato de metal com metal.

Há uma necessidade de ter melhor lubrificação e maior proteção contra o desgaste. Em uma transmissão sequencial, o fluido está lá muito mais para trocar calor e para ser um fluido hidráulico, enquanto na transmissão CVT tem a questão de reduzir bastante o atrito. Então, eles têm formulações um pouco diferentes.

Óleo Certo: O período de troca muda muito, comparando com outros tipos de transmissão?
Fernanda Ribeiro da Silva: Muda bastante, por conta da severidade. É indicado que os fluidos de transmissão CVT sejam trocados com cerca de 80.000 Km a 100.000 Km, mais ou menos. Em alguns casos, você pode trocar com menos para garantir que não vai ter problema, porque é muito maior o custo de um problema da transmissão do que o custo para trocar o fluido.

Com o fluido para transmissão normal, você pode trocar o óleo com até 120.000 km. Antigamente, tínhamos aquela noção de que era “fill for life” (em inglês: cheios para toda a vida), mas hoje isso não se aplica, porque há muito mais trânsito pesado. Realmente, tem uma severidade muito grande para o óleo. Seria como reduzir, mais ou menos, em 70% a troca do fluido, em relação a uma de transmissão sequencial.

Óleo Certo: Quais sinais devemos observar para identificar que o lubrificante precisa ser trocado, ou pode estar com algum problema, no sistema CVT?
Fernanda Ribeiro da Silva: O problema é um pouco silencioso. Por isso, é muito importante observar o manual do proprietário, o que a montadora está pedindo em termos de troca e seguir à risca o recomendado.

Óleo Certo: Quais os riscos de usar um lubrificante inadequado ou de negligenciar a manutenção da transmissão CVT? Isso pode impactar o desempenho ou a vida útil do veículo?
Fernanda Ribeiro da Silva: Cada vez mais, os veículos têm tecnologia embarcada. Não percebemos tanto, mas os motores estão cada vez mais tecnológicos. Então, o uso de um óleo lubrificante errado causa um problema microscópico muito mais rápido do que causava no passado.

É muito importante ter consciência que estamos usando o óleo correto para evitar qualquer dano catastrófico que possa colocar em risco a perda do motor.

Óleo Certo: Qual a dimensão financeira de um prejuízo causado por lubrificante falso?
Fernanda Ribeiro da Silva: Tanto para transmissão CVT, quanto para óleo de motor, estamos falando de custos da ordem de R$ 7 mil a R$ 10 mil.

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