Considerado defeito grave, a rosca do cárter quando espanada merece total atenção, já que o vazamento de óleo pode custar um motor novo. Para quem não conhece, o cárter é uma peça metálica ou de plástico (semelhante a uma bacia) que fica acoplada na parte inferior do motor do veículo, onde o lubrificante fica acumulado. Em geral, é por lá que é feita a troca de óleo, quando o profissional trocador desenrosca um parafuso (chamado bujão) para fazer o lubrificante usado escoar do motor. E é aí que mora o perigo! Se o bujão for enroscado de volta ao cárter com muita força, ou de forma errada, desalinhado com o filete da rosca, ela pode espanar, fazendo com que haja vazamento de óleo.

Com os novos carros e tecnologias, que visam a reduzir pesos, consumo e emissões, e também dissipar o calor do motor, vários fabricantes começaram a adotar cárter de alumínio, ou até de plástico. As desvantagens desses materiais estão, justamente, na sua fragilidade. O alumínio quebra mais fácil, e qualquer pancada pode gerar trincas por onde vaza o lubrificante. Ou seja, na troca de óleo, dependendo do excesso de torque exercido pelo profissional, haverá mais chances de espanar a rosca, problema que será percebido somente quando houver vazamento, normalmente observado onde o veículo fica estacionado com o aparecimento de uma poça de óleo, na próxima troca, ou quando acender a luz no painel por falta de lubrificante no motor.

É preciso lembrar que veículos com trocas frequentes de óleo apresentam maior possibilidade de enfrentar esse tipo de situação. Não só pelo excesso de aperto, mas também pelo desgaste natural entre a rosca e o bujão. Ou seja, paga-se um preço pelo uso frequente dessas peças.

Como prevenir?

Não há uma prevenção que o proprietário do carro possa ter, além, é claro, de procurar fazer a troca de óleo em uma empresa séria e com os equipamentos adequados. E caso acompanhe de perto o serviço, o melhor a se fazer é alertar o profissional e fazer figa para não acontecer, já que o conserto pode ser bem caro. Um cuidado adicional é sempre substituir a arruela (anel de vedação) que acompanha o bujão e auxilia na vedação. Em muitas situações, o lubrificador descarta esta arruela e aperta o bujão de dreno diretamente no cárter, o que não é correto.

Em modelos mais antigos, é necessário retirar o cárter, normalmente de aço, e levar a um torneiro mecânico, que irá refazer a rosca e usar um bujão de medida maior.

Outra opção, quando o problema já está instalado, é utilizar helicoils, que servem para fortalecer roscas novas, ou recuperar as que estão danificadas. Contudo, é preciso conferir se não haverá vazamentos.

Motos também sofrem com o problema

O defeito também é comum nas motos, cujos motores funcionam em giros e temperaturas mais elevados. O óleo ainda lubrifica o câmbio, o que pode gerar uma situação ainda mais complicada, caso o lubrificante se perca por algum problema no bujão. Nesse sentido, a recomendação é trocar a tampa inteira do bloco do motor. Serviço de alto custo. Mas, felizmente, uma exceção. Quando os mecânicos descobrem esse tipo de defeito, como nos carros, também é possível abrir a rosca com um parafuso macho e colocar um bujão de medida maior.

O ideal é que este problema não aconteça devido à troca de óleo feita por profissionais não qualificados, ou sem o uso de equipamentos corretos, entretanto, caso ocorra, antes de substituir toda a peça, que é oneroso, ouça a opinião de um torneiro mecânico de qualidade, que também pode trocar o bujão original espanado por um bujão cônico, que ocupa o espaço com eficiência. Mas lembre-se de algo importante: após o serviço de reparo, é necessário conferir se haverá vazamentos com o motor quente.

Marcellus Leitão é jornalista especializado em automóveis, já tendo passado por importantes veículos da imprensa nacional.