O crescimento da frota em duas rodas passa pelo preço dos combustíveis, que já está nas alturas, e pela maior agilidade em transitar pelo meio urbano. Soma-se a isso a pandemia da Covid-19, que expandiu, principalmente, o mercado dos serviços de entrega rápida de produtos e alimentos. Assim, as motos ganharam destaque e o seu uso diário merece atenção, mais ainda do que em relação aos automóveis. As motos aceleram rapidamente e usam, em sua maioria, motores de um cilindro em altas rotações. Ou seja, maior estresse e, consequentemente, maior desgaste de componentes e peças.

Para início de conversa, os cuidados com o óleo do motor e da transmissão da moto – sim, o mesmo óleo lubrifica tudo, inclusive a embreagem – devem ser intensos e iniciados com o controle do nível e da troca na quilometragem e prazo corretos. E aqui vai um ponto importante: pode não parecer, mas muita gente não sabe que os lubrificantes dos carros e das motos são bem diferentes.

Com nível de exigência maior, os motores das motos recebem aditivos especiais para essa performance e o uso de lubrificantes inadequados, inclusive para carros, pode causar grandes prejuízos com a quebra do motor e do câmbio, pois provocam o desgaste prematuro das partes, diminuindo a durabilidade do equipamento.

Confira no vídeo abaixo e entenda por que não se pode cometer esse tipo de erro.

Existe diferença entre lubrificante de carros e motos? Especialista responde!

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Atenção para alguns pontos

Uma das exigências que você sempre deve ter em mente é com relação à viscosidade do óleo lubrificante, que é formulada, justamente, para as diferenças técnicas de cada tipo de moto e fabricante. Nas embalagens dos óleos, pode-se ler algumas especificações. Todos eles têm a sigla API, de American Petroleum Institute, e JASO, de Japanese Automotive Standards Organization, seguida por diferentes nomenclaturas de índice de viscosidade, que são indicadas com dois números juntamente à letra W.

Por exemplo: os óleos SAE 10W-30 e SAE 10W-40, indicados para motos mais novas, significam que o lubrificante, quando frio, tem a viscosidade SAE 10 para iniciar a lubrificação assim que o motor é ligado. Quando o motor está quente, a viscosidade sobe e chega a SAE 30, ou SAE 40, dependendo do óleo que for utilizado. Mesmo com uma recomendação mínima de especificação API SL, é imprescindível consultar o manual do fabricante para saber o tipo de óleo mais indicado.

Maior ou menor viscosidade, sintético ou semissintético?

Resumindo, óleos mais finos, a exemplo do SAE 10W-30, ou SAE 10W-40, são indicados para motos novas, com menores folgas entre as partes móveis do motor. Já os óleos mais grossos, como o SAE 20W-50, podem compensar as folgas de motores já cansados. Lembre-se das indicações entre os diferentes tipos de óleos: sintético, semissintético e mineral. Caso não conheça a diferença entre eles, eu explico rapidamente a seguir:

Sintético: como o próprio nome já diz, é feito em laboratório e atende muito bem às especificações das motocicletas, lubrificando com eficiência. Entretanto, é bem mais caro.

Semissintético: esse tipo de lubrificante utiliza os benefícios da base sintética misturada ao óleo mineral. O preço fica mais em conta.

Mineral: os produtos minerais exigem mais atenção para a troca e têm durabilidade menor. Dos lubrificantes existentes no mercado, esta categoria é a de menor custo.

Novamente, consulte o manual para saber o tipo de óleo correto. Dependendo da sua moto, o fabricante pode indicar, até mesmo, a marca do óleo que você deve utilizar, porém, uma outra marca de lubrificante, desde que seguindo as mesmas especificações, pode atender sua motocicleta sem problemas.

Checklist básico para troca de óleo

Fique atento para alguns pontos fundamentais relativos à troca de óleo, fazendo com que o motor da sua moto tenha maior desempenho e durabilidade. Todos as informações referentes aos pontos a seguir devem constar no manual da sua motocicleta. Vamos a eles:

Prazo da troca: é muito importante ficar atento à hora certa para substituir o lubrificante da sua moto, e isso leva em conta duas condicionantes igualmente importantes: tempo e quilometragem. Dependendo do modelo, de três a quatro mil quilômetros é a faixa de troca. Consulte o manual para saber, exatamente, o que a fabricante determina.

Especificações do óleo: conforme falamos aqui neste artigo, o óleo lubrificante possui características específicas sobre viscosidade, além da sua natureza, que pode ser sintético, semissintético, ou mineral. No manual deve contar também essa informação. Caso não a encontre, verifique no site da fabricante. Motos mais novas costumam utilizar óleos SAE 10W-30, ou SAE 10W-40. Já para as mais antigas, com o motor mais desgastado, recomenda-se SAE 20W-50. Fique ligado, também, na especificação mínima API SL.

Nível do óleo: é muito importante checar o nível do óleo com o motor frio. Para isso, deixe a moto exatamente perpendicular ao solo para fazer essa checagem. Novamente, consulte o manual para saber como proceder nesse caso.

Verificação de vazamentos: observe se há eventuais vazamentos e, na hora da troca, veja se há resíduos metálicos no óleo velho. Você pode fazer isso com um imã. Limalha no óleo pode indicar um desgaste prematuro e uma quebra próxima do motor da sua moto. Então, fique atento!

Não custa reforçar que os motores das motos são mais exigidos, o que requer maior atenção com relação ao uso correto dos óleos lubrificantes, além de atentar à sua especificação. Lembra que abordamos aqui neste artigo as especificações API e JASO? Elas asseguram a qualidade do seu lubrificante.

Seja para trabalho, ou lazer, cuide bem da sua motocicleta e respeite os prazos corretos para a troca do óleo do motor. Além disso, nunca se esqueça de obedecer à sinalização de trânsito e sempre utilize o capacete.

Marcellus Leitão é jornalista especializado em carros e motos, já tendo atuado em importantes veículos da imprensa nacional.