Quando preciso trocar o óleo do meu carro, se ele ficou praticamente parado durante a pandemia? Devo fazer a troca, mesmo que não tenha percorrido a quilometragem recomendada pelo manual da montadora? Nos últimos meses, você deve ter feito perguntas desse tipo. E com razão, pois o carro parado requer cuidados, em especial com a troca do óleo.

Antes de tudo, não precisa romper a quarentena e correr para trocar o óleo do seu carro parado há meses. Mas quando a situação estiver normalizada, ou se uma viagem inesperada acontecer, a substituição do lubrificante é aconselhável.

Para analisar esse cenário criado pela Covid-19, conversamos com Luiz Feijó, especialista em lubrificantes, e Norma Souza, consultora para assuntos de lubrificação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

Carro parado é condição severa

As chamadas condições severas são situações comuns nos grandes centros urbanos e que estressam o lubrificante: por exemplo, ficar parado nos engarrafamentos, ou percorrer distâncias pequenas (menores que 5 quilômetros) e desligar o carro antes que o motor atinja a temperatura adequada de funcionamento.

Se isso vira rotina, recomenda-se reduzir pela metade a quilometragem e o tempo para troca do óleo indicados pelos fabricantes. Em geral, em condições normais, esses índices são de 10 a 15 mil Km rodados, ou doze meses de uso do lubrificante. Mas é o manual do veículo que definirá os critérios exatos para cada modelo, incluindo o tipo de óleo (sintético, semissintético, ou mineral).
Conheça as situações do dia a dia que ‘estressam’ o óleo lubrificante

“Quanto existe uma condição severa, deve-se observar 50% da quilometragem (5.000 a 7.500 km rodados), ou do tempo (6 meses) recomendado pelo manual. O dano causado por ter pouco uso pode ser maior que o provocado por quem usa com maior frequência”, diz Feijó.

“Às vezes, as pessoas entendem que, por utilizarem o carro muito pouco, ou por só percorrerem pequenas distâncias, isso não configura uma condição severa. Mas se o veículo está parado há três meses e agora vai rodar um percurso longo, é recomendável trocar o óleo”, explica Feijó. “Parece que usar pouco é preservar o lubrificante, mas não é”, concorda Souza.

Apesar desse cenário, eles reforçam que, devido à pandemia e à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de sair de casa somente para serviços essenciais, não há motivo para ficar em pânico e correr para fazer a troca. “Quando voltar a usar o carro normalmente é que se deve prestar atenção à troca do óleo”, afirma a especialista. Sendo assim, como ainda estamos em quarentena, o recomendável é aguardar o momento em que for usar o carro com mais frequência.

Por que trocar o óleo do carro?

Os óleos lubrificantes servem para diminuir o desgaste das peças do automóvel. Eles preservam o motor, evitando atritos entre os componentes móveis, ruídos e excesso de calor. Por acumularem resíduos químicos, devem ser trocados, juntamente com os filtros.
A manutenção inadequada pode provocar sérios danos ao veículo, principalmente a longo prazo, por isso, é necessário fazer a troca para evitar panes e até a perda do motor.

Feijó explica que “todo e qualquer óleo lubrificante tem tendência a envelhecer e se oxidar, por isso, tem prazo de vida útil”. O óleo fica armazenado numa parte do motor chamada cárter e, ali, começa a gerar borra e depositar outros contaminantes, como combustível parcialmente queimado e fuligem.

Ele explica que a sequência de muitas partidas do motor no carro, associada ao seu funcionamento em temperatura abaixo do normal, faz o lubrificante se contaminar com pequenas frações de combustível. Essas misturas não evaporam e provocam diluição do óleo. “A diluição faz com que o carro não tenha uma película de lubrificação tão eficiente”, descreve o especialista.

O novo normal: atenção ao tempo de troca, e não apenas à quilometragem

Com o isolamento social, criamos novos hábitos. Muitos motoristas deixaram de usar seus carros, ou passaram a dirigir distâncias curtas, apenas para fazer compras básicas.

Norma lembra que muita gente vai continuar a trabalhar de casa e deixar de usar o carro como usava. “Daqui pra frente, não pense apenas em quilometragem para a troca de óleo. Lembre-se que seis meses é o prazo para realizar esse tipo de serviço”, diz a especialista. “E não é só trocar o óleo, tem que trocar o conjunto: lubrificante e filtro”, reforça Feijó.

E, se for ao posto para abastecer, ou fazer a troca de óleo, siga todas as instruções de segurança para evitar a transmissão da Covid-19. Ajudar a diminuir a disseminação da doença depende de todos nós.

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