A Arena de Lubrificantes, evento paralelo na ROG.e,  reuniu, na terça-feira (24),  um time de peso para discutir soluções de combate às irregularidades. Carlo Faccio, diretor do Instituto Combustível Legal (ICL); Julio Nishida, superintendente de fiscalização do Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo (ANP); e Alexandre Bassaneze, CEO da ICONIC, fizeram um verdadeiro raio-x dos problemas, destacando a importância da atuação conjunta de todos os players em prol do mercado honesto. A moderação foi realizada por Pedro Nelson Belmiro, da revista Lubes em Foco.

Na abertura do encontro, Belmiro traçou um panorama do mercado, com números e dados para melhor compreensão do setor de lubrificantes. De acordo com o especialista, com o desenvolvimento do país e crescimento do PIB (projeção de aumento de 3,2%), o consumo de combustíveis e lubrificantes também aumenta.

“Tudo indica que haverá crescimento no setor de lubrificantes, mas os desafios ainda são muitos, como a consolidação de números da ANP, a dependência da importação de óleo básico, a transição energética e o mercado irregular”, ressaltou.

Ao lado de Nishida e Bassaneze, Faccio apontou os problemas que afetam o setor de lubrificantes, cada vez mais na mira dos criminosos.

De acordo com o diretor, as irregularidades se sofisticaram: “Antes, era só ladrão de galinha. Hoje, o problema começa no início da cadeia. A gente fica em dúvida até sobre o que é verdadeiro e o que é falso. Estamos vendo fraudes operacionais no setor de lubrificantes, inclusive com batedeira clandestina, aí tem um ‘alquimista’ que deixa com uma cor maravilhosa e vende”, exemplificou.

Frente à deterioração do mercado, Faccio destacou a necessidade de aprovar o projeto de lei que caracteriza o devedor contumaz. Além disso, é primordial a articulação do setor público junto com o privado.

“O lubrificante custa cerca de dez vezes mais do que o combustível, por isso, também está ficando mais visado. Com a ajuda do ICL, foi possível recuperar 226 mil litros de lubrificantes [irregulares]. Temos que estar juntos no combate às irregularidades”, ressaltou.

‘Existe o fraudador contumaz, esse a ANP tem que tirar do mercado’

De acordo com Nishida, sem a troca de informações, a agência não consegue atuar de forma efetiva.

“Existe o fraudador contumaz, esse a ANP tem que tirar do mercado. Para isso, é necessário articulação com o governo e atuar junto aos consumidores e ao mercado”, ressaltou o superintendente da ANP.

‘Quem trabalha na irregularidade sabe o que está fazendo’

O CEO da ICONIC alertou que os danos causados pelos lubrificantes adulterados duram mais tempo, trazendo um grande prejuízo para os consumidores e para a indústria.

“A maioria dos consumidores não sabe que lubrificante estão botando no carro, mas quem trabalha na irregularidade sabe exatamente o que está fazendo e tem grandes ganhos – uma carreta pode carregar meio milhão em lubrificantes sintéticos, por exemplo”, explicou Bassaneze.

Unidos contra o mercado irregular

Em entrevista ao site do Óleo Certo, Faccio destacou a importância dos assuntos abordados na palestra.

“A reunião, dentro da ROG.e, possibilitou o encontro de representantes da área de produção, de fiscalização e de combate ao mercado irregular, o que demonstra que a união dos esforços do setor privado/público consegue criar elementos de combate às irregularidades. O lubrificante começa a ser utilizado para ilícitos, onde o grande prejudicado é o consumidor”, ressaltou.

Para Nishida, eventos como o realizado na ROG.e são excelentes e necessários.

“A articulação entre órgão regulador/fiscalizador, o mercado e entidades representativas como o ICL é fundamental para resolver problemas que envolvem fraudes, não só no âmbito da ANP, mas, indo além, no que diz respeito também a questões tributárias e outras, dando encaminhamento o necessário. Não é uma competição sobre quem fiscaliza, mas sim uma parceria para resolver os problemas de fraude no mercado. Sem essa parceria, não há como resolvê-los”, frisou.

Bassaneze também destacou a importância de reunir representantes de vários setores do mercado.

“É a primeira vez que a gente consegue reunir ICL, ANP e alguém do mercado para falar sobre esses temas que trazem muitas dores, e não eram tratados. Na medida em que a gente começa a discutir esses assuntos com todos os agentes que podem contribuir, há uma chance maior de sair com boas ações para tornar esse mercado cada vez mais regular, diminuindo o nível de irregularidades”, completou.

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