As grandes empresas estão apostando em novas tecnologias para garantir um futuro mais sustentável. O Gas to Liquid, mais conhecido como GTL, é um desses importantes avanços. Por meio da transformação do gás natural em combustíveis líquidos, é possível obter lubrificantes mais limpos em sua origem, poluindo menos o meio ambiente. Em entrevista exclusiva ao site do Óleo Certo, Andre Almeida, consultor da Shell, destaca essas e outras vantagens desse novo produto, que já está disponível para os consumidores. Confira:

Óleo Certo: O que é GTL?

Andre Almeida: O GTL é um óleo básico de classificação GIII (segundo especificação da norma API 1509, que define os Grupos I, II, III, IV e V de óleos básicos, tendo como base diferentes critérios, incluindo, entre outros, índice de viscosidade, saturados e teor de enxofre, por exemplo) destinado principalmente à produção de lubrificantes sintéticos e semissintéticos de diversas aplicações automotivas e industriais.

Óleo Certo: Para obtenção de óleo básico, é necessário passar pelo processo de refino na refinaria. Com o GTL isso não é necessário?

Andre Almeida: Exatamente. Um óleo básico convencional GI, GII ou GIII possui como etapa inicial de processamento o refino, na qual, necessariamente, as frações mais leves do petróleo, como os combustíveis fósseis, precisam ser extraídas por processos de destilação à pressão atmosférica e a vácuo. No caso do GTL, existe a síntese da molécula a partir do gás metano (CH4). O óleo básico GTL não é separado de uma mistura, mas, sim, “construído”.

Óleo Certo: Podemos dizer que o GTL tem uma importância ambiental, é mais limpo em sua origem?

Andre Almeida: Sem dúvida. Em primeiro lugar, o gás natural é amplamente reconhecido como uma fonte de transição para energias mais limpas. Além disso, a viabilidade operacional dessa solução desenvolvida pela Shell, respaldada por diversas patentes, permite uma rota de obtenção de lubrificantes sem a necessidade técnica de produzir combustíveis fósseis. Se imaginarmos um futuro em que o consumo e a produção de combustíveis fósseis não sejam prioritários, o GTL surge como uma solução viável para garantir a disponibilidade contínua de lubrificantes.

Óleo Certo: Essa tecnologia já está ao alcance do consumidor brasileiro?

Andre Almeida: Sim, quase todos os produtos de marca Shell, atualmente produzidos ou importados pela Raízen, possuem em sua composição o GTL como óleo básico GIII.

Óleo Certo: Quais as vantagens do GTL para o motor?

Andre Almeida: Existem muitas vantagens, mas a principal é o conceito que a Shell denomina “Pure Plus”. Como o GTL é sintetizado, ele não traz em sua composição contaminantes convencionais presentes no petróleo. Além disso, a composição do óleo básico é superior. Os óleos lubrificantes básicos possuem uma molécula que chamamos de ideal para a performance de lubrificação. No GTL, essa molécula está presente em cerca de 80% da composição do óleo básico, enquanto em um óleo de base grupo III convencional, esse percentual é inferior a 40%. Sob condições adequadas de uso, respeitando as especificações e o período de troca, um lubrificante à base de GTL proporciona uma proteção superior para o motor.

Óleo Certo: Então, é possível afirmar que o lubrificante feito a partir do GTL é tão bom quanto os outros tradicionais?

Andre Almeida: Podemos afirmar que lubrificantes produzidos com GTL tendem a apresentar uma performance superior em relação aos convencionais, e esse conceito está diretamente relacionado ao modelo de desenvolvimento de óleos lubrificantes. Em geral, aditivos são utilizados em lubrificantes para conferir propriedades específicas necessárias para uma boa performance de lubrificação.

Também podemos considerar que os aditivos tendem a se degradar mais rapidamente do que o óleo básico em si. Quanto melhores forem as propriedades originais dos óleos básicos, maior será a probabilidade de o lubrificante continuar desempenhando bem após um determinado período de uso.

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