Sustentabilidade: lubrificantes, um exemplo de sucesso. Esse foi o tema de um painel realizado no dia 25 de setembro, na Arena de Lubrificantes da Rog.e, um dos maiores eventos globais de energia, realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Para falar sobre o tema, a atividade contou com Valéria Amoroso Lima, conselheira de Administração; Aylla Kipper, executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart Soluções Ambientais; Ezio Antunes, diretor executivo do Instituto Jogue Limpo; e de Ricardo Hajaj, diretor da Cimflex.
De acordo com Antunes, o Instituto Jogue Limpo conta com a participação de 75 empresas, que representam 90% do mercado de óleos lubrificantes no Brasil. O Instituto realiza a logística reversa (reaproveitamento para a fabricação de novos produtos) das embalagens plásticas e dos lubrificantes usados ou contaminados (chamados pela indústria de OLUC).
Segundo ele, a logística reversa envolve “muito trabalho profissional”, por se tratar de uma atividade que manipula resíduos perigosos para o meio ambiente. Antunes também destacou que todas as coletas da organização são registradas “em tempo real num aplicativo”.
Para Valéria Amoroso Lima, além de todo o desafio da própria logística reversa, outra questão importante é que a indústria precisa lidar com diversos organismos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que fiscaliza as associações entre as empresas, e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), outro órgão que acompanha o trabalho das companhias. “A dimensão [do trabalho] vai além de só coletar os resíduos usados”, explicou.
Ela destacou o pioneirismo da indústria de lubrificantes brasileira, que começou o tratamento de produtos usados antes mesmo da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. Também disse que a logística reversa significa tirar lixo “da terra, dos rios e dos mares”.
“Hoje o produtor já olha o produto rerrefinado como solução para a descarbonização da cadeia”, afirmou Kipper. Segundo ela, o Brasil já registra formulações de produtos nos quais “já se usa 50%, ou mais, de óleo rerrefinado” e que a logística reversa é capaz de gerar óleo básico “de qualidade igual ou superior ao do primeiro refino”. “O rerrefino tem pegada de carbono inferior ao do primeiro refino”, disse.
Segundo a representante da Lwart, “um litro de OLUC evita a extração de 3,7 L de petróleo”.
Hajaj afirmou que a Cimflex começou a operar nos anos 1990. A empresa fabrica uma série de produtos como dutos, drenos e tubos lisos e corrugados, e incorpora várias práticas sustentáveis em seus processos. “Vimos, lá atrás, que a reciclagem seria um negócio promissor”, afirmou. Ele também apontou a economia circular como uma “oportunidade para o Brasil explorar” e citou a “mineração dos lixões” como um mercado potencial. A prática consiste na extração de matérias-primas de resíduos sólidos para reciclagem e reutilização.
Em relação ao reaproveitamento de embalagens de lubrificantes, Hajaj citou um exemplo: atualmente, elas também são usadas para fabricar manilhas de esgoto, contribuindo para diminuir a exploração de matérias-primas no solo.
Para ele, “a cadeia tributária ainda é perversa para quem recicla”. Segundo o empresário, a legislação em vigor desonerou as finanças das cooperativas, dos pequenos e dos médios recicladores, mas não beneficiou a indústria. Segundo ele, a carga tributária do material reciclado é maior que a do produto virgem. Por isso, o setor tem trabalhado junto ao Senado Federal pela aprovação de um projeto de lei que apoie as grandes empresas.
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