Já falamos aqui no Óleo Certo sobre quais fatores observar na troca de óleo para SUVs, picapes e crossovers, automóveis movidos a diesel e que, por serem mais pesados que os carros de passeio, exigem muito do motor.
Agora é a vez de falarmos sobre caminhões, veículos ainda mais robustos, que ocupam as estradas e também são movidos a diesel.
Sempre falamos que os bons hábitos de condução e de manutenção dos automóveis ajudam no seu rendimento geral, e com os caminhões, não seria diferente. E aqui existe um fator ainda mais crítico: os custos de um conserto e as consequências no bolso do uso errado do lubrificante, por exemplo, podem ser bem piores. Afinal, o caminhão é não só um meio de transporte, mas, principalmente, uma ferramenta de trabalho.
Características especiais dos lubrificantes para caminhões
Lubrificantes para caminhões são feitos especialmente para esses veículos, pois seus sistemas têm um tipo específico de funcionamento. São fabricados para conseguir diminuir os desgastes causados pelas condições severas do dia a dia e pelas cargas muito pesadas que são transportadas.
Um motor de ciclo diesel tem taxas de compressão mais altas quando comparadas aos motores do tipo Ciclo Otto: possuem torque mais alto em baixas rotações, injeção de combustível direta nos cilindros, combustível com maior densidade e biodiesel na combustão.
Todo esse conjunto de fatores exige um produto específico, que atinja o objetivo de garantir alta performance, lubrificar partes móveis e evitar atrito entre as peças do motor, além de outros fatores.
Funções de um bom lubrificante para motores a diesel
- Garantir alta performance
- Lubrificar peças móveis
- Evitar atrito e desgaste entre as peças
- Proteger o sistema contra corrosões
- Manter a limpeza do motor
- Evitar a formação de borras
- Proteger as partes móveis dos gases gerados na queima de combustível
- Resfriar componentes
Troca do óleo lubrificante
A primeira regra a se levar em conta quando falamos em troca de óleo para caminhões é consultar o manual de proprietário. As montadoras possuem verdadeiros centros de pesquisas com profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que passam anos desenvolvendo e aprimorando cada tecnologia, analisando cada tipo de óleo lubrificante e suas características, como viscosidade e classificação de desempenho.
Quem escolhe não seguir o manual está optando por colocar em risco o motor do caminhão. E as recomendações variam de acordo com cada tipo de fabricante. Por isso, não adianta seguir a dica de um amigo, pois o que funciona para o veículo dele pode não funcionar para o seu.
O que os manuais indicam?
Normalmente, os fabricantes falam das informações técnicas, como classificação API, ACEA, viscosidade (SAE) e especificações das próprias montadoras. Seguir as recomendações é importante para aumentar a vida útil dos motores e das transmissões.
Quem dirige um Volvo FH 540, por exemplo, vai encontrar orientações bem detalhadas sobre qual lubrificante usar. A fabricante diz que nos motores Euro 6, apenas lubrificantes VDS-4.5 (VDS = Volvo Drain System) devem ser utilizados. E que motores Euro 5 permitem a utilização de lubrificantes VDS-4.5 ou VDS-3, porém, os intervalos de troca de óleo devem ser ajustados de acordo com a especificação VDS utilizada.
Entretanto, a maior parte das montadoras no Brasil recomenda o uso de óleos multiviscosos SAE 15W-40. Outras orientam sobre o uso de óleos SAE 10W-40, SAE 10W-30 ou SAE 5W-30.
O que significa viscosidade?
Para entender melhor o conceito, veja essa dica da fabricante Mobil:
Pense em mel e água. Quando você os derrama de um copo, ambos os líquidos fluem em velocidades diferentes. Isso é viscosidade! Para óleos de motor, a viscosidade determina a velocidade que eles fluem para protegê-lo. Um número maior representa uma viscosidade mais alta, o que significa que o óleo é mais viscoso e mais resistente ao fluxo.
Qual intervalo deve levar cada troca de óleo?
Outro fator importante, e que não tem uma resposta pronta, é o intervalo para a troca. Nesse caso, vale o período que cada fabricante estabelece em função do tipo de serviço realizado (rodoviário, urbano, misto, canteiro de obras, mineração e canavieiro), tempo de uso, quilometragem percorrida, ou número de horas de operação do motor. E as montadoras também levam em consideração o nível de performance do lubrificante.
“O mundo dos caminhões é bem complexo e o tipo de serviço é um fator determinante para a troca de óleo”, afirma Norma Souza, consultora técnica do Óleo Certo.
Ela cita como exemplo os caminhões de coleta de lixo. Em geral, eles andam em ruas asfaltadas e não carregam grandes cargas, mas como o veículo fica quase todo o tempo em baixa velocidade, isso acaba sendo um fator muito estressante para o lubrificante daquele motor, que ainda fornece energia para o sistema hidráulico que faz a compactação do lixo.
Quem opera esse tipo de caminhão, então, deverá levar em consideração as horas de uso para fazer a troca de óleo periódica.
Classificação
Os óleos lubrificantes podem ser classificados como minerais, sintéticos ou semissintéticos. São considerados semissintéticos quando têm pelo menos 10% de óleos básicos sintéticos na composição. Em geral, os óleos SAE 15W-40 são minerais. Já os óleos SAE 10W-40 e SAE 10W-30, na sua grande maioria, são semissintéticos. Os óleos SAE 5W-30, por sua vez, podem ser semissintéticos ou sintéticos.
Classificações de desempenho
As classificações de desempenho são como a “hierarquia” dos produtos. A mais conhecida é a API, e as especificações atualmente vigentes são, em ordem crescente, a API CH-4, API CI-4, API CI-4 Plus, API CJ-4 e API CK-4 (repare na ordem alfabética h, i, j, k, antes do numeral).
A classificação da ACEA é também recomendada para estes lubrificantes em função da forte presença no Brasil de fabricantes de caminhões de origem europeia, como a DAF, MAN, Mercedes Benz, Scania, Volkswagen e Volvo. As especificações atualmente vigentes para motores diesel pesado são: ACEA E4, E6, E7, E8, E9 e E11. Diferentemente da classificação do API, nem sempre o número maior significa que substitui o anterior.
De acordo com informações da Ipiranga Lubrificantes, o mais importante é entender este exemplo: se um fabricante requer o uso de óleo API CI-4 no manual, um óleo API CJ-4 pode ser utilizado. Mas o inverso não é verdadeiro.
Felipe Aguiar, analista de produtos e portfólio HDMO da Vibra Energia, destaca que as montadoras também desenvolvem suas próprias classificações de desempenho, em geral, segundo ele, ainda mais exigentes que as classificações API e ACEA. “No mercado brasileiro, temos como principais classificações a MB 228.3 da Mercedes-Benz para motores Euro V, MAN M 3277 da Volkswagen para motores com tecnologia de recirculação de gases EGR, Scania LDF-2 e LDF-3, além das já citadas Volvo VDS-3 e VDS-4.5”, completa Aguiar.
Especialista comenta
Clara Simões, consultora técnica de produtos Ipiranga Lubrificantes, lista algumas vantagens do uso correto dos óleos lubrificantes. “São inúmeros os benefícios quando se utiliza o óleo correto e de qualidade comprovada. Lubrificantes de motor fornecem proteção contra o desgaste dos componentes do sistema de combustão, como pistões e cilindros, contribuindo para o aumento da vida útil do motor”, afirma.
“Contribuem também para o desempenho dos filtros, evitando o entupimento prematuro, além de prevenir o desgaste dos comandos de válvulas com a dispersão da fuligem através das características detergentes que promovem a limpeza do motor e evitam os depósitos”, completa a consultora.
Saber escolher o melhor tipo de óleo lubrificante é uma decisão estratégica na gestão de frotas, o que significa ter os veículos rodando por mais tempo na estrada e menos tempo parados dentro da oficina”, avalia.
Leia também:
- Dúvidas mais frequentes sobre óleos lubrificantes
- Do óleo incorreto à calibragem errada: dez erros que afetam o consumo de combustível
- Deve-se adicionar aditivos ao óleo lubrificante? Especialista responde!
Com informações da Mobil.com e do Blog da Texaco