Os óleos lubrificantes são essenciais para o bom funcionamento dos motores, por isso demandam cuidados especiais, principalmente no que diz respeito à contaminação. Um óleo pode ser contaminado por uma fonte externa, ou interna, dependendo da situação.  A contaminação externa acontece antes mesmo da utilização do lubrificante, geralmente ocasionado por más condições de armazenamento.

Haydeu Queiroz, gerente técnico da Castrol Brasil, ressalta que as embalagens com óleo devem ficar posicionadas de forma correta, evitando a incidência de luz, chuva, poeira  e água, por exemplo. “Contaminações externas podem estar ligadas também à própria introdução do lubrificante no compartimento, por isso, é importante manter a atenção no que diz respeito à qualidade do filtro de óleo e do filtro de ar”, aponta Queiroz.

Ele lembra que ao usar o funil, é preciso se atentar para que esteja previamente limpo, sem nenhum tipo de impureza, poeira, ou água.

Wellington Freitas, gerente técnico de produto da Petronas, também dá importantes orientações:

“Para assegurar-se da utilização do lubrificante adequado, deve-se observar no rótulo da embalagem a correta identificação do lubrificante e suas especificações, se estão em acordo com as recomendações do fabricante do veículo/equipamento. Observar também se a embalagem preserva sua integridade, ou seja, se está lacrada, sem furos, fissuras ou vazamentos”, frisa.

Freitas ressalta ainda que deve ser evitada a entrada de contaminantes externos com uma manutenção adequada e troca de selos e vedações, bem como com a troca regular dos filtros do lubrificante.

Atenção, trocadores de óleo

É muito importante também que aqueles que manuseiam o óleo, o façam de forma correta. O gerente lembra que além de armazenar de forma adequada o lubrificante, o operador, ou profissional que vai efetuar a troca de óleo, além do EPI, tem que usar equipamentos limpos e secos para evitar a entrada de contaminantes externos, como água e poeira.

“O profissional que retira a carga de lubrificante [óleo usado] e o filtro, e coloca a carga de óleo e filtro novos, deve sempre observar o nível e o volume corretos. É muito importante a correta destinação deste óleo usado, por empresa qualificada e registrada na ANP. O óleo usado vem com contaminações, muitas delas inevitáveis, como resíduos de carbono, que se originam na queima de gasolina, borras e subprodutos de oxidação.

Freitas destaca que trocadores de óleo bem treinados podem até aumentar a vida útil de veículos e equipamentos:

“Este profissional desempenha um papel importante na preservação dos veículos, máquinas, equipamentos e seus componentes. A observação dos procedimentos corretos para a troca dos lubrificantes, atendendo aos corretos intervalos de troca e às especificações dos fabricantes dos veículos/equipamentos, evitando contaminações e utilizando os lubrificantes recomendados, contribui para o aumento da vida útil dos mesmos”, explica.

Contaminação interna: os perigos escondidos no motor

Contaminações internas, que são as resultantes do uso e da função de limpeza desempenhada pelo lubrificante, podem ocorrer durante o processo de utilização do óleo, com subprodutos da queima de combustível, resíduos de carbono, água, oxidação / envelhecimento da carga de óleo, vernizes, borras e metais de desgaste do motor.

Existem contaminações que são possíveis de serem evitadas, e outras não. Essas, a gente acompanha, monitora e controla”, ressalta Queiroz.

De acordo com Queiroz, se o combustível não é queimado totalmente para o motor funcionar, parte dele pode descer para a carga de óleo. Tem ainda a contaminação proveniente do próprio envelhecimento ou oxidação do óleo lubrificante, e isso tende a gerar borras, acarretando a degradação química do aditivo e formação de cinzas dentro do motor. O especialista lembra que outra contaminação interna relevante diz respeito aos metais provenientes do desgaste do motor.

“Se a contaminação [interna] não for controlada, certamente haverá impacto na vida útil do motor, acarretando deméritos no desempenho. Um óleo mais viscoso, um óleo com mais resíduos, tende a ficar acumulando nos anéis de segmento. Tudo isso leva ao não aproveitamento efetivo do motor”, alerta.

Segundo o especialista da Petronas, as condições de trabalho a que um motor combustão é submetido podem representar risco de contaminação interna:

“Um longo período de intervalo de troca do lubrificante, altas temperaturas e pressões elevadas de trabalho, bem como as partículas metálicas procedentes dos desgastes das peças podem originar contaminações internas”, explica.

Freitas ressalta ainda que as contaminações podem acarretar perda de potência do motor, aumento de consumo, quebras, paradas inesperadas e mesmo a parada total do motor, deixando o veículo indisponível para o uso.

Preocupação com o meio ambiente

O descarte correto do lubrificante usado é fundamental, e nesse quesito, o profissional que vai efetuar a troca deve saber não apenas tirar o óleo usado, mas dar uma destinação correta ao produto, evitando, assim, que seja descartado no meio ambiente.

“O óleo usado pode representar um risco para o meio ambiente, por isso demanda uma atenção muito especial no que diz respeito à destinação, uma vez que possui características mais agressivas do que um óleo novo, justamente em função da oxidação. Um óleo lubrificante vencido, mesmo sem ter sido usado, também deve ser descartado [de forma correta]”, explica Queiroz.

Para Freitas, o consumidor possui responsabilidade compartilhada com o comerciante e fabricante, no que diz respeito a dar a destinação correta para o OLUC, como é conhecido o óleo lubrificante usado e contaminado.

“O óleo usado pode contaminar a água e o solo, sendo um risco para o meio ambiente, por isso, tanto o produto quanto a embalagem vazia do lubrificante devem ser devolvidos ao comerciante ou aos postos de serviços, que os encaminharão para a reciclagem”, orienta.

Como prevenir a contaminação do óleo

Realizar manutenções preventivas, respeitar os intervalos de troca recomendados no manual do veículo ou equipamento, armazenagem de forma correta, buscar soluções automatizadas de lubrificação e capacitar os colaboradores, tudo isso ajuda a evitar a contaminação do produto:

“Tudo começa com a capacitação do profissional, desde a armazenagem até a troca e destinação [do produto usado]. Além disso, é importante fazer o monitoramento do lubrificante e atentar para as recomendações dos fabricantes do veículo e do óleo no que diz respeito ao período de troca”, não esquecendo a troca dos filtros de óleo e de ar, ressalta o especialista, lembrando que, hoje em dia, muitos veículos já sinalizam no computador de bordo quando o óleo deve ser trocado.

Já em frota de veículos pesados, como caminhões e ônibus, Queiroz explica que é possível fazer a coleta de amostras e analisar o produto no laboratório.

“Uma manutenção preventiva, preditiva, é muito melhor do que uma manutenção corretiva. Assim, se otimiza o custo de manutenção e aumenta a produtividade”, destaca Haydeu Queiroz.

“Todo devemos fazer nossa parte”, completa Wellington Freitas.

Assista: Óleo do motor escuro: está na hora de trocar? Mito, ou verdade?

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